Ah, o Natal!!
Aquele tempo de união. De reunião.
Época em que você recebe a oportunidade de estar junto de pessoas que praticamente não se vêem nem conversam durante o ano todo.
Tempo também de responder 'perguntinhas':
- TÁ TRABALHANDO?
- MAS VENDE BEM?
- E O NAMORADO?
- NOSSA, MAS COMO VOCÊ TÁ MAGRA (OU GORDA), NÃO TÁ DOENTE, NÃO?!
- E VOCÊ NÃO COME CARNE? COME O QUE ENTÃO?
- MAS NEM OVO? NEM LEITE?
¬¬
E as perguntas não param. Parentes sempre gostam de comparar as pessoas, o que não faz sentido algum, já que cada indivíduo é único em sua existência.
-NOSSA, VOCÊ JÁ TEM 15 ANOS? E NÃO TRABALHA AINDA? A FILHA DE FULANA JÁ DÁ AULAS DISSO E DAQUILO, OU BELTRANA SE FORMOU NISSO E JÁ CONQUISTOU AQUILO OUTRO... TÁ NA HORA DE PROCURAR UM TRABALHO, HEIN!!! (essas perguntinhas sempre são na minha ausência, talvez pq ninguém verdadeiramente queira ouvir uma resposta que caiba)
AFF... Sendo que alguns ícones da família, só foram saber o que era trabalhar depois dos 18 ou perto dos 20 anos, alguns até bem próximos a essas pessoas que perguntam e consideram seu conselho algo tão vital, que não poderiam nos poupar deles. Quanto a isso penso, usem seus conselhos antes de ofertá-los a quem não os pediu!!
Ahhhh o Natal!!
Tempo de se sentar em volta de uma mesa cheia de cadáveres de animais e celebrar a vida, o amor e a união. Será que estão todos cegos?!
Tempo de conversar, de contar as conquistas, mas principalmente de falar da vida de quem não está presente, de enumerar o caminhão de problemas, doenças, tristezas, mortes que rondam os presentes e não presentes, dando sempre uma saída fácil para problemas alheios que nunca vivenciaram.
Tempo dos saudozistas relembrarem o quanto foram felizes, aprenderam ou sofreram trabalhando na infância, contando quase como numa visita ao psicólogo e com lágrimas nos olhos sua vasta experiência de vida... novamente... como em todas as oportunidades.
Ah aqueles que já chegam dizendo que se desculpam por incomodar!!! Aí eu penso, porque vir então?!
Tempo de receber presentes que não tem nada haver com você vindos de pessoas que apenas acham que te conhecem segundo os próprios julgamentos, mas que não sabem nada sobre sua essência interior.
Tempo de celebrar o nascimento de um Cristo que não nasceu em dezembro, passando filmes que mostram sua crucificação. Porque não param de pregar esse homem na cruz e passam a praticar as palavras dele?
Tempo em que as pessoas fazem chantagem emocional pra você estar presente na reunião das pessoas, e acham que você deve sentir remorso caso não esteja lá, ou que ainda escolhem sentir-se magoados caso você não ceda as intensões delas.
Tempo de se comer mais do que precisa, esquecendo que a gula também é um pecado, e de beber bastante bebidas alcoólicas pra se sentirem felizes com tudo isso.
E por fim, tempo de alimentar a grande farsa ilusória do capitalismo selvagem, que se chama Papai Noel, o homem do saco, que supostamente anda de vermelho em meio a todo o branco da neve no Pólo Norte, o que não faz sentido nenhum já que até os animais de lá são brancos para se camuflar dos predadores. Um Senhor que traz presentes para os bonsinhos. Oh que coração puro, não?! Alimentar nas crianças essa ilusão eterna que para ser bom é necessário ter uma recompensa.
E assim, vamos todos aprendendo a "ter" e não a "ser" .
Aprende-se que é feio mentir, mas não é educado dizer o que pensa de verdade quando fazem perguntas cretinas ou falam besteiras idiotas.
Fala sério!!! Eu não suporto mais tanta hipocrisia vestindo a falsa capa do Amor. Porque o Amor de verdade não tem nada haver com essa ostentação toda.
Se cada um estivesse em paz consigo mesmo, fazendo o seu possível para renovar seu interior, e em meditação solitária vibrar amor àqueles a quem ama e ao planeta, estaria já fazendo muito mais do que esse circo do inverno em pleno verão, onde cria-se uma falsa sensação de integração, rumo a mais um ano de distância nas afinidades.
Fernanda GRINCH Mística
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